quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

CNY - Capítulo 030


Capítulo 030/01- ERROS INFESTOS

Edward – POV


Aflição, Ansiedade... Eram sentimentos desconhecidos por mim, como muitos outros até a presença de Bella em minha vida.

Eu nunca fui conhecido por ser uma pessoa com sentimentos; eu nunca havia sido criado dessa forma. Minha família não era conhecida por demonstrações de afeto em público, e desde criança eu aprendi que um abraço do meu pai ou um beijo de minha mãe eram apenas recompensas por algo que realizei que os enchia de orgulho ou em ocasiões especiais como aniversário ou natal.

Em meu vasto vocabulário de palavras, somente uma fazia parte do quesito sentimento; A Lealdade.  E era esse sentimento que me guiava em direção a Emmett.  Ele sempre tinha sido meu amigo, meu parceiro, e não era porque hoje eu tinha Isabella em minha vida, e que significava tudo para mim, que eu iria virar ás costas e não tentar pela última vez ajudar aquele que esteve comigo nos meus piores momentos.

Eu era leal com aqueles que estavam ao meu lado.

- Onde está Emmett? – perguntei assim que adentrei ás portas da Alpha Epsilon Pi, já torcendo o nariz para o estado deplorável que se encontrava o lugar com minha mudança para o apartamento; bebidas estavam espalhadas por todos os lados, cinzeiros e mais cinzeiros de fumo em cima dos móveis deixavam o ambiente com um cheiro insuportável de nicotina. Homens e mulheres seminuas andavam pelos corredores completamente alterados – Que merda está acontecendo aqui? – esbravejei irritado.

- Estamos nos divertindo Cullen, estamos de férias! – respondeu Mike jogado no sofá, com uma garrafa de cerveja na mão.

- Pois trate de passarem as férias em outro local! Eu não autorizei nenhuma festa, nem comemoração alguma.. que merda vocês tem na cabeça? Se alguém faz alguma denúncia teremos os reitores em nossa bunda sem que possamos dar um primeiro suspiro, sem contar que vocês estarão detidos antes mesmo que possam ligar para o “papai” para pedir arrego -  discuti nervoso, referindo-me a quantidade de vestígios de drogas espalhados pelo local.

- Você não manda mais aqui Cullen – murmurou Mike, dando de ombros, fazendo com que minha já escassa paciência se exaurisse.

- Não é só porque não durmo mais aqui, que eu não mando nessa porra Mike! – rosnei em sua face, quando a passos largos me aproximei pegando-o pelo colarinho com força bruta, jogando sua garrafa de cerveja na parede, fazendo com que as pessoas que transitavam por ali saíssem correndo - Eu mando nessa merda, tudo o que eu digo e falo é para ser acatado como lei, você não vai querer bater de frente comigo Mike, você não vai querer pagar para ver o que eu faço com que duvida de minhas palavras e eu sugiro que antes de você arrumar suas malas para sair dessa universidade, você deixe esse lugar em ordem- avisei.

- Para onde eu vou? Meus pais estão passando férias na Europa, foi por isso que fiquei aqui, não tenho para onde ir.... meu velho está bronqueado comigo – disse engolindo nervoso com minha ameaça.

- Não me importa onde você está indo. Tanto quanto estou preocupado você pode ir para o inferno, mas dentro dessa universidade não tem mais espaço para você, principalmente nos próximos três meses..

- Você... você quer que eu me afaste por três meses? – perguntou confuso.

- Em três meses eu estou fora dessa merda Newton, e não quero ter que olhar na sua cara ou saber de sua existência nesse período.. fui claro? – cuspi espremendo ainda mais a gola de sua camiseta.

- Cullen..

- Nada de Cullen! Aguentei sua insubmissão por tempo demais, e minha fodida paciência esgotou!! Pegue seu lixo e caia fora daqui, antes que eu me irrite e sua chance de voltar para Harvard seja nula – completei empurrando seu corpo de volta ao sofá – Eu deveria ter feito isso há muito tempo – comentei referindo-me á meses atrás quando fui responsável pela expulsão de outros alunos que haviam desacatado minhas regras – Onde está Emmett? – perguntei mais uma vez.

- No quarto dele – murmurou de cabeça baixa.

- Algumas horas Newton! – avisei mais uma vez subindo ás escadas e indo em direção ao quarto – Emmett! – chamei assim que abri a porta, ficando imóvel quando vi seu corpo jogado ao chão – EMMETT! – gritei mais uma vez, correndo ao seu encontro  – Porra cara! O que você fez? – pedi aflito notando seu corpo convulsionar – JAMES! JAMES! – comecei a gritar pedindo por ajuda. Emmett era enorme, e desmaiado eu não tinha forças para levantar seu corpo sozinho.

- Cullen? ... Merda!! o que houve aqui? – perguntou correndo em minha direção quando viu o estado dele.

- Ele está tendo uma convulsão, ajude-me a erguer seu corpo até a cama! – pedi erguendo seu tronco, enquanto ele segurava suas pernas.

- O que está acontecendo? – perguntou Victória entrando no quarto, seguida por Tanya.

- Emmett está passando mal! – explicou James, enquanto eu batia em seu rosto levemente na tentativa de acordá-lo.

- Eu saí do quarto agora á pouco! – comentou a ruiva

- O que você fizeram? Quais os tipos de droga consumiram? – perguntei aflito.

- CULLEN! – gritou Victória em falso constrangimento.

- CULLEN O CARALHO! QUAL A PORRA DE DROGAS VOCÊS USARAM? NÃO VENHA COM CENINHA DE HORROR, SE FINGINDO DE OFENDIDA! TODOS SABEM QUE VOCÊ É UMA PUTA DROGADA VICTÓRIA! – gritei possesso.

- Calma Edward.... – pediu Tanya...

- CALMA? VOCÊS PERDERAM SUAS MENTES? SE ALGUMA COISA ACONTECER COM EMMETT, COLOCO TODOS VOCÊS ATRÁS DAS GRADES!! – ameacei, notando a cor drenar dos rostos apavorados de seus rostos com minha ameaça clara.

- Edward.... – murmurou Emmett, desviando minha atenção.

- Emmett! Cara você está bem? – perguntei ansioso.

- Não os mande para a cadeia! Eu estou bem! – sussurrou grogue, muito baixo.

- O que você tomou? Consegue levantar? Precisamos ir ao hospital!  - comentei ignorando sua tentativa de me acalmar.

- Não vou á hospital algum, eu só exagerei um pouco na bebida.. eu vou ficar bem...

- Emmett... – chamei irritado, apertando á ponta do meu nariz. Ele estava me tirando do sério – Você quer morrer maldito?

- Todos nós vamos morrer um dia Cullen – tentou fazer piada.

- Não em minha mão porra! – esbravejei – você sabe que precisa de ajuda.

- A única ajuda que preciso no momento é de um bom banho e alguma coisa para comer, eu vou ficar bem – resmungou tentando se levantar.

- James me ajude aqui – pedi tentando erguer seu tronco – JAMES! – chamei mais alto, quando ele somente me encarava como se estivesse perdido em pensamentos.

- Sério Edward, você poderia gritar menos! Minha cabeça está explodindo – reclamou.

- Vai se foder Emmett! Você todo está para explodir se continuar assim! Venha vou te colocar no banho! – ofereci, ajudando-o.

- Não sabia que você queria me ver pelado Cullen! Saiba que você não faz meu tipo! – provocou fazendo-me revirar os olhos com seu comentário idiota.

- Emmett cala essa boca! – avisei, apoiando seu corpo até o banheiro, pois ainda estava muito grogue. Se eu o largasse sozinho embaixo do chuveiro, ele provavelmente iria cair e arrebentar a cabeça.

- Você quer ver minha bunda? – provocou.

- Nem que fosse á última coisa do mundo idiota! Vou te jogar na água com roupa e tudo – avisei, tirando os objetos do meu bolso e colocando em cima da mesinha para que não molhassem; minha carteira, meu celular e as chaves do apartamento – Vocês busquem alguma coisa para ele comer! – ordenei a James, Tanya e Victória que desde minha ameaça de colocá-los na cadeia, ainda não tinham um semblante estranho no rosto - Motherfucker´s – murmurei, voltando para o banheiro.

- Me empresta seu carro Cullen, o meu está na oficina – pediu James enquanto eu colocava o grande corpo de Emmett embaixo da ducha fria.

- As chaves estão na mesinha! – avisei sem olhar para trás! E mal sabia que com minha atitude arrogante e displicente estava cometendo o maior erro de minha vida.

Porque se eu tivesse acompanhado James enquanto ele pegava minhas chaves, eu poderia ter notado o olhar de ódio em seus olhos. Porque se eu tivesse deixado minha arrogância de lado, eu poderia ter notado o sorriso maldoso na face de Tanya enquanto digitava em meu celular após mostrar uma ligação para James. Porque se eu tivesse prestado atenção ao meu redor, e não somente no amigo que eu tentava ajudar, eu poderia ter notado James e Victória cochichando, enquanto ela entregava a Tanya as chaves do meu ninho com Bella.

Se a minha empáfia e minha altivez não tivessem dominado tanto minha mente, eu poderia ter notado que meu mundo particular estava prestes a ruir.

. . . . . . . . . . . . .  . . . . . . . . . . . . .

Bella-POV

Eu me sentia perdida. Minhas mãos tremiam, e minha visão estava nublada pelas lagrimas que insistiam por cair em minha face. Eu não lembrava á quanto tempo eu havia saído do apartamento, ou quanto tempo eu havia corrido para fora das dependências do condomínio em que vivia com Edward. A chuva torrencial que começara a cair ardia em minha face assada pelas lágrimas, e meus pés doloridos e machucados de correr e andar por tanto tempo, faziam-me mancar.

Eu não tinha a mínima ideia de onde ir, ou quem procurar. Tudo o que eu podia pensar era que eu tinha que ficar longe de Edward e suas mentiras sujas; longe de seu mundo fútil e cruel que eu havia vivido por mais de três anos.  Eu não poderia ir para qualquer lugar que ele pudesse me encontrar.  Eu só tinha uma coisa em mente; eu só podia pensar em como conseguir uma maneira de fugir de suas garras, até que estivesse forte o suficiente para poder olhar em seus olhos e enfrentá-lo.

Se é que algum dia eu seria capaz de olhar em seus olhos novamente.

Eu odiava Edward. Odiava o que ele tinha me feito; odiava suas mentiras, suas palavras falsas e suas mendacidades. Abominava a pessoa que eu tinha me tornado por ele, e principalmente execrava esse amor em meu peito. Eu me martirizava por deixar-me levar tão facilmente por seu ato vulpino, por suas palavras de falso amor.

Eu havia perdido a conta de quantas vezes girei meu corpo, seguindo de volta pelo caminho do apartamento na ânsia de adentrar irracionalmente naquele quarto e acabar com aquela farsa em sua cara, destruir tudo ao seu redor....

Mas era somente eu colocar a mão em meu ventre que a razão novamente guiava meus passos em sentido contrário. Eu não podia pensar somente em mim. Eu carregava uma vida, que não tinha culpa de ser fruto de um amor mentiroso. Eu não podia correr o risco de passar mal novamente, como já havia no durante o percurso, e colocar em risco a vida que crescia dentro de mim. Eu nunca mais sofreria por Edward, e meu filho jamais iria passar por isso.

Eu levava comigo apenas minha dignidade e a bolsa com meus documentos.. e nada além disso. Eu sabia que  tinha que entrar em contato com Rose, pois nesse momento era a única pessoa que podia me ajudar, mas meu celular estava em pedaços em algum lugar pelo caminho, detonado em um ataque de fúria. Não dispunha uma grande quantia de dinheiro vivo e os cartões eu não podia utilizar, porque tudo que eu tinha pertencia a ele. Só o que me restava era encontrar algum hotel vagabundo onde pudesse me aquecer e buscar ajuda de uma forma que ele não soubesse de meu paradeiro.

- Vai ficar tudo bem Bella... você é forte! Vai ficar tudo bem!.. – eu murmurava para mim mesma através das lágrimas – Nós vamos ficar bem bebê... eu prometo – eu chorava, quando lembrava que não estava sozinha, encostando-me á uma porta de uma fabrica abandonada, procurando abrigo da chuva que estava mais intensa.

Eu nunca mais estaria sozinha.

- Moça... moça! – chamou uma voz, fazendo-me erguer a cabeça – Você está bem?- perguntou um homem de aparência agradável dentro de um SUV preto.

- Sim estou! – respondi seca, enxugando o rosto e voltando a caminhar.

- Está chovendo demais, não deveria estar andando a pé com essa tempestade, quer uma carona? – ofereceu seguindo-me lentamente com seu carro.

- Não obrigado! Estou indo para o ponto de táxi! – menti.

- Não existe ponto de táxi aqui em West Village senhora, a menos que eles estejam procurando pela morte! – comentou, fazendo-me estacar no lugar.

- O que? – sussurrei amedrontada com seu comentário.

- Você está no subúrbio, o índice de assaltos aqui é vasto, eu não quero assustá-la mas... você não está segura andando sozinha por estas ruas a criminalidade aqui não se abrange somente á assaltos se é que me entende – comentou, fazendo com que um frio de medo corresse por minha espinha.

Eu corria o perigo de ser estuprada?

- O que... como..como eu faço para sair daqui? – perguntei assustada. Eu não tinha percebo que havia andando tanto e sem rumo.

- Senhora os ônibus só vão passar pela manhã agora, e como disse os taxistas não trabalham por essa região – explicou.

- Mas... está cedo... que horas são? – pedi confusa.

- São quase onze da noite – respondeu pegando-me de surpresa – Olha.. não é muito bom ficarmos parado aqui, porque você não entra no carro e lhe dou uma carona para onde queira ir – ofereceu.

- Eu... eu não lhe conheço – respondi nervosa. Eu estava com medo, mas não iria me enfiar no carro de um desconhecido.

- Oh.. sim me desculpe! Claro que não me conhece.. aqui está meu cartão – sorriu me entregando o objeto pela janela.

- Investigador particular? – perguntei curiosa, lendo o cartão elegante em minha mão.

- Jonathan Jenks á seu dispor! – respondeu saindo do carro – Vamos... eu vou ajudá-la!! – sorriu gentilmente, estendendo-me á mão.

E ali no subúrbio de Massachussets eu encontrava o auxílio para um novo futuro, e nele meu caminho para se vingar do passado.

“O ódio sem desejo de vingança é um grão caído sobre o granito.”

Honoré de Balzac


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem Girl´s..Boys...
Obrigado por estar aqui!
Beijos c/ carinho Lyyssa♥♥♥