sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CNY - Capítulo 023


Capítulo 023/01 –  MENTIRAS - O INÍCIO DO FIM

Edward – POV

“ Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir.”


Quais as chances dessa citação ser a primeira coisa que li, quando abri um livro qualquer dentro da biblioteca? Era algum tipo de aviso macabro que estavam tentando me dar? Era um lembrete constante, um reforço de culpa enviado pelo meu coração, ou por meu cérebro que gritava “ Não faça isso! Não minta! Conte a verdade” .

Eu não sabia, ou não queria saber. Mas, bem lá no fundo da minha mente, naquele lugar distante, pouco visitado nos últimos anos, o lugar em que vivia a sombra do Edward tímido, amedrontado, e desejoso de carinho, amor e atenção dos seus pais; Eu sabia que estava errado. Eu sentia que não deveria mentir, ou omitir. Mas na mesma proporção que esses pensamentos surgiam, o medo me fazia recuar.

Esse sentimento poderoso, que no momento era o que me guiava, nublava minha mente do que era certo e errado.  Do que era justo ou descabido. Eu só conseguia pensar no meu temor.

Eu simplesmente não racionalizava em conformidade com os fatos.  Eu só tinha uma coisa em mente; Eu não posso perder Isabella; E todo o resto não me importava.

Conforme eu espalhava livros aleatoriamente por cima da mesa de estudo, esse era o único pensamento que me guiava. Eu não pensava no ato, nem muito menos nas consequências. Somente no momento, e o que eu iria tirar de beneficio com isso; Bella não saberia nunca da  minha mentira e do que quase eu estive prestes á fazer, uma provável traição de qual eu me arrependeria profundamente.

As consequências do meu ato, eu iria me concentrar depois. Eu não era ingênuo ao ponto de saber que sair de braços com Tanya em direção aos dormitórios não gerariam fofocas e comentários maldosos. Eu não me importava com o fato de que talvez alguém nos tivesse visto juntos, saindo pela porta dos fundos na saída de emergência, é que descobrissem nossa armação, e assim questionariam minha autoridade.

Nada me importava. Somente Isabella.

- Edward vai dar tudo certo, eles não desconfiar de nada – comentou Tanya, sentando-se ao meu lado.

- Você não tem como saber disso – retruquei de mal humor. Tudo o que eu queria estar com minha menina; E eu estava aqui, em uma fodida biblioteca em plena sexta-feira a noite, em vez de estar com ela. – Vai embora Tanya, seus serviços já não me interessam mais – dispensei nervoso, jogando um livro sobre a mesa com força.

- Eu sei Edward, não precisa ser frio dessa maneira, eu acho que mereço um voto de confiança depois de tudo! -  ressaltou.

- Minha confiança não vem de graça Tanya principalmente depois que ela se perde a primeira vez – suspirei – Continue provando ter mudado, e com o tempo, talvez eu possa confiar em você novamente. – disparei um pouco rude.

- Tudo bem! Eu vou provar para você que não sou mais aquela pessoa – respondeu, pegando sua bolsa – Até mais! – disse virando-se para sair.

- Tanya! – chamei, antes que ela se fosse. Eu deveria ao menos dar um crédito á ela, porque se não fosse por sua ideia, eu poderia me encontrar em uma situação realmente complicada – Bem... Obrigado pela ajuda! – agradeci da forma mais cordial possível. Eu poderia ser um canalha frio e sem coração na maioria das vezes, mas eu sabia reconhecer uma ajuda, mesmo que ela fosse dada pelo inimigo, o que eu achava não ser o caso nesse momento.

- Não foi nada Edward, você sabe que estimo muito você – respondeu com carinho, passando a mão em meu braço.

- Edward? Tanya? – chamou Bella atrás de nós, fazendo com que ambos dessem um pulo assustado.

- Bella? O que faz aqui? – perguntei, pensando rápido, dando inicio ao meu teatro. Eu não tinha tempo para fraquear.

- Eu vim conversar com você! – respondeu alternando seu olhar entre a loira e eu, e pelo que eu conhecia dela, eu sabia que estava desconfiada de algo. Bella era muito perspicaz para seu próprio bem – O que faz aqui Tanya? – inqueriu encarando-a.

- Eu bem.. precisava fazer um trabalho também, e encontrei Edward por aqui, e conversamos um pouco. – desculpou-se rapidamente de forma negativa.

- Trabalho sobre o que Tanya? – disparou Rose, deixando-a nervosa – Não me lembro de ter visto você comentar sobre trabalho algum, já que sempre dá um chilique quando surge algum, o que deve ser realmente importante, para milagrosamente prendê-la em plena sexta á noite em uma biblioteca, enquanto uma festa muito importante está acontecendo essa noite – cutucou.

Maldita!

- Não tenho que dar satisfação da minha vida para você Rosalie – disparou Tanya nervosa – A gente se vê por aí! – completou saindo ás pressas.

- Ela pensa que me engana essa vadia penosa!  - murmurou Rose, acompanhando sua saída – Como escapou da Kappa Tau Gama  essa noite Edward? – perguntou Rosalie estreitando os olhos em minha direção.

- Não sei o que está tentando insinuar Rosalie! – ataquei – Seja mais direta.

- Não estou insinuando nada! Eu fiz somente uma pergunta, hoje é a noite  mais importante de Harvard, é a festa de inauguração da Kappa Tau Gama , e nós dois sabemos, e  agora Isabella também – completou – o que isso significa.

- Você contou á Isabella? – rosnei irritado – Com qual intuito? De encher sua cabeça com desconfianças contra mim? – disparei, tomando a abertura que ela tinha me dado. Eu precisava fazer com que Bella acreditasse em minhas desculpas, nem que para isso, eu tivesse que fazê-la desconfiar de sua melhor amiga. Eu me odiava por isso, ao mesmo tempo em que era um homem desesperado. Eu não podia falhar nunca, nem nesse momento. – O que você falou? Que eu estaria mentindo que estava estudando? Que provavelmente estaria comendo alguma puta aleatória para cumprir algum tipo de ritual de inicialização? – sorri com escárnio – Você não me surpreende Rose, mais do que ninguém sabe como essas coisas funcionam, afinal você era frequentadora assídua dessas festinhas – insinuei maliciosamente.

- Justamente por conhecer, é que sei do que estou falando Edward – retrucou de volta – E por mais que você esteja sugerindo que eu fazia parte da sujeira que acontece naquele lugar, você sabe muito bem do que estou falando, e acima de tudo que minhas palavras são verdadeiras. Alguma coisa você fez para se safar, não tem como você ter saído disso sem sujar sua preciosa reputação, e eu não vou deixar que magoe minha amiga pelo caminho – retrucou ferozmente.

Se eu não estivesse com tanto receio da verdade surgir, eu poderia aplaudir Rose por sua lealde para com minha menina, mas entre sua amizade e meu amor por Isabella, a segunda opção sempre venceria, Seja qual fosse a situação. Eu nunca mediria esforços para tê-la ao meu lado, e não importaria o que eu fizesse, ou os meios para conseguir isso. Nem que eu tivesse que mentir e cometer injustiças graves durante o processo; nada se oporia á mim. E se Rosalie Hale era a primeira vítima de minha obsessão, eu só tinha á lamentar, mas eu jamais cederia meu lugar ao de Isabella, seja para quem fosse.

-Eu não preciso de desculpas para fazer o que desejo Rosalie. Eu mando nessa merda e ninguém vai me obrigar a fazer o que não quero – argumentei em meia verdade – Você mais que ninguém me conhece, e sugiro que avalie bem suas palavras antes de cometer alguma infâmia e jogar Isabella contra mim. Eu fiz pessoas pagar caro por bem menos! –ameacei.

- Assim como Tanya! – retrucou de volta.

Ela estava começando a me irritar verdadeiramente.

- Tanya estava aqui ao acaso! Não que eu lhe dava satisfações de minha vida! – rosnei – Eu sugiro que cale sua boca, antes que palavras sejam ditas e não se possa mais voltar atrás.

- Rose Pare! – pediu Bella, antes que ela começasse novamente – Isso não vai nos levar á lugar algum!

- Mas Bella....

- Por favor Rose! Eu realmente agradeço por seus conselhos e ter me acompanhado até aqui, mas eu preciso conversar com Edward sozinha – pediu encarando-a.

- Tudo bem! – suspirou Rose resoluta, puxando Bella um pouco para o lado, mas dando-me perfeita audição para escutar o que falavam – Eu preciso ir, porque amanhã eu viajo bem cedo, mas estou indo com o coração na mão Bells. Eu não quero que você pense que tentei de alguma forma plantar alguma semente de duvida em sua cabeça ou que estou fazendo isso agora.. Mas tome cuidado Bella, tome muito cuidado com Tanya, eu sei muito bem do que ela é capaz, por isso todo cuidado é pouco. Eu ainda não acredito nem um pouco nessa sua bondade gratuita, ela não é esse tipo de pessoa. Não faz nada de graça, portanto tome cuidado. Eu não sei que tipo de jogo está acontecendo aqui, se eu tivesse mais tempo, eu juro que iria descobrir para você; Eu quero somente que por favor, por favor! Não se deixe enganar.

- Eu prometo Rose! Pode ficar tranquila, e não vou me deixar levar. – sorriu triste - Nós vamos nos falar todos os dias por telefone certo? – perguntou minha menina preocupada.

- Sim, vou te ligar sempre, eu prometo – sorriu triste, deixando escapar algumas lágrimas – Eu te amo Bells, você é a irmã que eu não tive, se cuida okay?

- Eu também te amo Rose, você é minha irmã do coração – respondeu Isabella a tomando em um abraço.

Dentro do meu âmago, eu sentia como se estivesse cometendo uma injustiça. Que de alguma forma, com a partida de Rosalie, eu estivesse deixando Isabella desprotegida e desprovida de lealdade. Mas ao mesmo tempo, sentia-me aliviado, por ela estar longe. Rose sabia de muitas informações, e a ignorância de Bella nesse momento, era completamente benéfica para mim e ao que estava por vir.

E mais uma vez, aquela voz recôndita dentro de mim, gritava que eu estava trilhando um caminho sem volta. Mas o que ela não entendia é que os apaixonados eram surdos, e o poder falava mais alto e medo de perdê-la me cegava.

............................................

- Você tem alguma mais alguma coisa a me dizer Edward? – pediu Bella após algum tempo sentada ao meu lado, enquanto eu inutilmente fazia anotações em meu laptop, de uma pesquisa que nem mesmo existia.

- Eu não tenho amor. Eu já disse tudo o que aconteceu – fechei o aparelho e o livro, girando a cadeira em sua direção. – Está realmente tendo essa festa hoje, mas eu já havia dito, que eu não iria, e deixei as coisas aos cuidados de Emmett e James – suspirei, enrolando uma mexa de seu cabelo em meus dedos, a mentira queimando em minhas
entranhas – E quando eu estava aqui Tanya apareceu de-repente, eu até estranhei sua presença, e foi por isso que conversamos. Assim como eu, ela também não quis participar dessas coisas mais. Não é mais apelativo – completei, beijando-lhe suavemente os lábios.

- Porque não olha diretamente nos meus olhos, quando conversa sobre isso? – inqueriu sempre perceptiva.

Não é a toa que eu a amava mais que tudo. Ela era semelhante a mim em tantos aspectos; forte, destemida, determinada. Mais ainda me superava em dignidade e caráter.

- De onde tirou isso? Claro que olhos em seus olhos baby! Eu te amo! – respondi, encarando-a profundamente – Mas do que você possa imaginar – sussurrei, tomando seus lábios.

- Não minta para mim Edward – sussurrou em meus lábios – Nunca faça isso!

- Jamais baby! – prometi. Mentindo mais uma vez!


CNY - Capítulo 022

Capítulo 022/01 – MÁSCARAS

Bella – POV


- Rose não fica assim; as coisas vão dar certo. Eu tenho certeza disso – falei com carinho tentando confortá-la mais uma vez. O problema era que; por mais que eu ficasse com ela por mais duas horas no telefone, nada faria com que ela se sentisse melhor.  E na verdade, nem poderia. Nada do que eu dissesse iria acalmar seu nervosismo. 

E de certa forma, eu a entendia. Eu não poderia nem me imaginar em seu lugar. Não poderia prever minha reação se fosse eu que recebesse a noticia de que meu pai estava sendo processado por pedofilia.


- Bella – suspirou –  Eu estou tão cansada disso. Não é a primeira vez que acontece. Das outras acusações ele conseguir se safar, porque sempre comprou o silêncio dos pais da garota envolvida, mas desta vez ao que parece ele se deu muito mal.

- Rose, quantos anos tinha essa garota? – perguntei com o telefone pendurado no ombro, enquanto andava pelo apartamento recolhendo as roupas largadas de Edward para lavar.

- Dezesseis anos – bufou, deixando-me paralisada no lugar.

- Seu pai se envolveu com uma garota de dezesseis anos? – repeti, ainda sem acreditar.

- Sim, e para piorar ela é filha de um cliente. O desgraçado aliciou a garota em uma festa da empresa Bella, e ainda tem a cara de pau de se dizer apaixonado! – disse alto, quase gritando.

- Vai ver ele está mesmo interessado nela – respondi, tentando amenizar a situação, só para deixá-la ainda mais histérica.

- Apaixonado! Por Deus Bella! Meu pai tem quarenta e cinco anos! Essa garota tem idade para ser sua filha! Ela poderia ser minha irmã porra! – esbravejou.

- Seu pai não é tão velho assim Rose, e ainda por cima é muito bonito – continuei, tentando mostrar meu ponto de vista.

As pessoas poderiam se apaixonar, por alguém mais novo.

- Se você tivesse uma filha com essa idade, deixaria que ela namorasse com meu pai? – disparou me deixando silente.

- Hum.... não! Eu acho que não! – confessei, sentindo-me perturbada – Mesmo porque eu acho que Edward mataria o desgraçado. – comentei, quando o pensamento surgiu, pegando nós duas de surpresa.

- Wow! De onde surgiu esse pensamento? Já pensa em ter filhos com Edward? – perguntou rindo.

- Não tenho a mínima ideia – confessei – Eu acho que toda essa mudança está mexendo com meus nervos, e essas malditas meias! – rosnei, puxando um par delas escondidas entre as almofadas do sofá.

- Meias? – gargalhou Rose do outro lado da linha – O que está fazendo Bella?

- Recolhendo as roupas jogadas para lavar. Edward tem o dom de deixá-la espalhadas por todo o canto! Eu pensei que era algo que estava fazendo só para me convencer a morarmos juntos, mas pelo visto eu estou enganada – bufei, rumando para a lavanderia – Não é de espantar que Esme tenha mais de dez empregadas.

- Ele é mimado Bella – riu – E pelo visto você continua o tratando da mesma forma. Eu ainda não consigo acreditar que vocês estão morando juntos e vivendo uma vida praticamente de casados. – comentou mudando de assunto, a estória de seu pai completamente esquecida.

- Nem eu, Rose. Ás vezes eu me pergunto como cheguei aqui tão rápido. Ainda mais com um cara como Edward. – suspirei, sentando-me no banquinho – Conseguimos ser diferentes e iguais de uma forma assustadora – comentei lembrando-me de como em alguns aspectos Edward e eu erámos parecidos. Duas pessoas obstinadas, persistentes e apaixonadas por aquilo que acreditam.

- Vocês são muito parecidos Bella. Mas agradeço que a arrogância e a empáfia sejam apenas uma característica dele. Porque sinceramente não há espaço no mundo para dois de vocês!  - comentou gargalhando novamente.

- Você é tão sem graça Rose – bufei, querendo rir, sabendo que estava certa.

- O que vão fazer hoje á noite? Vocês poderiam vir se despedir de mim – pediu manhosa.

- Edward vai ficar na biblioteca até mais tarde, ele tem um trabalho para entregar. Eu vou terminar de montar uma lasanha para o jantar e depois posso ir para ai, e ficamos juntas um pouco o que acha? – perguntei sorrindo com o pensamento. Eu realmente queria ficar um pouco com Rosalie, antes que ela viaja-se para Los Angeles, encontrar com os advogados de seu pai.

- Biblioteca? Edward? Hoje? – disparou séria. Todo o humor anterior desaparecido.

- Sim, foi isso que ele me disse, porquê? Você sabe de alguma coisa? Ficou estranha de-repente. – perguntei desconfiada.

- Hum... nada não Bella. Acho que não é nada! – deu uma pausa – Olha porque não nos encontramos daqui uma hora em frente ao Paddy´s Pub? Eu preciso muito, muito encher a cara antes de viajar e enfrentar o pesadelo que me aguarda em LA? – disse novamente animada.

- Preciso de uma hora e meia tudo bem? E o tempo de eu terminar de fazer o jantar e tomar um banho – ressaltei feliz com a possibilidade de passar algumas horas com ela.

- Combinado então, te espero lá ás nove e meia. Não se atrase! – provocou.

- Não vou – respondi rindo – Ate daqui á pouco. – despedi, ligando em seguida para Edward. – Que estranho! – comentei comigo mesma, quando a ligação caia na caixa postal pela segunda vez, fazendo com que eu enviasse uma mensagem.

Edward, estou saindo com Rose, estamos no Paddy´s. Amanhã ela viaja para LA, se puder venha nos encontrar.  Te amo.

- Vai ter que servir – comentei comigo mesma, sabendo que provavelmente ele iria surtar de saber que saí, sem ao menos falar com ele.

....................................

- Você está tão linda Bells! – elogiou Rosalie, assim que conseguimos uma mesa – Está com um semblante tão feliz.

- Eu estou feliz Rose – sorri de volta – Eu nunca pensei que um dia diria isso, mas estar com Edward me faz assim.

- Eu fico tão contente por você Bella. Você merece muito. Mesmo que seja com aquele metido – brincou torcendo o nariz – E como ele está com relação á você? Deixou o lado possessivo de vez depois da mudança?

- Lógico que não – bufei – Se possível piorou. Acho que estou descobrindo o lado paranoico de Edward.

- Ele sempre foi estranho quando se trata de você! – brincou, chamando o garçom – Duas tequilas por favor! – pediu, deixando-me de olhos arregalados.

- Rose! Eu não sou boa em beber, você sabe disso!

- Ohh por favor Bells! Confie em mim, hoje vai precisar de algo forte tanto quanto eu! – respondeu misteriosamente.

- Porque? Como assim? – olhei fixamente em seus olhos ... - Rosalie! – chamei quando desviou o olhar – O que esta acontecendo?

- Bella... Você já ouviu falar da Kappa Tau Gama? – pediu apreensiva.

- A fraternidade das amantes? – respondi sussurrando, notando que o garçom de aproximava.

- Das putas você quer dizer! – me corrigiu com um tom mais alto, deixando-me envergonhada, quando o garçom sorriu.

- Rose! – censurei, envergonhada.

- Não se preocupe Bella. O garçom sabe muito bem do que estamos falando, em alguns dias isso aqui estará repleto de vadias. – deu de ombros, entornando a bebida de uma única vez.

- Tudo bem Rose! Eu já ouvi falar dessa fraternidade, mas não tenho a mínima ideia do porque está me perguntando isso! – disparei confusa.

- Eu só queria saber se você sabe que hoje é a festa de inauguração anual. É a noite mais esperada pelos vagabundos de Harvard!

- E o que isso tem haver comigo?

- Cristo! Vou precisar de mais uma bebida! – gemeu, esfregando o rosto. – Vamos esquecer isso Bella!

Como? Ela sinceramente pensava que iniciaria uma conversar e eu iria deixar de lado? Eu conhecia Rosalie. Ela estava nervosa, alerta, e claramente tentando me ludibriar. Mas se ela pensava que eu iria me deixar levar, estava muito enganada.

- Pode tomar minha dose! – exclamei, empurrando meu copo intacto em sua direção – E me falar logo o que está escondendo de mim!

- Porque acha que estou escondendo algo de você? – perguntou surpresa - Não estou fazendo isso! – tentou se justificar. Mas tomando por base a forma como engolia rapidamente mais uma dose de bebida, estava mais que provado que estava nervosa.

- Eu te conheço Rose. Você está visivelmente nervosa, e um pouco irritada também, ou não estaria bebendo dessa forma. O que foi que aconteceu? Por favor me diga. – implorei.

- Bells.. não leve isso tão a sério porque eu não tenho provas okay? É só um pensamento – pediu tensa.

- Você está me deixando nervosa.. O que foi? – pedi mais uma vez.

- Bells.. essa festa que está acontecendo hoje, é digamos a mais podre da Universidade. Kappa Tau Gama é a fraternidade, como você escutou falar, das amantes de muitos empresários, quer dizer; isso é como eles gostam de chamá-las para florear um pouco a situação, mas na verdade elas não passam de garotas de programa. Não passam de putas que se vendem, em troca de um diploma de Harvard.

- Tudo bem Rose, eu já conheço essa estória – cortei – O que não estou entendendo é o porquê de você estar tão nervosa com isso, e o principal, o que eu tenho a ver com isso!

- Você vai me deixar terminar sem me cortar okay? – pediu, fazendo-me confirmar com a cabeça – Certo.. Bem... todas as fraternidades masculinas querem participar dessa festa, e acredite alguns reitores também esperam exaustivamente essa data. São vendidos ingressos á preços milionários; acredite, eles já estão esgotados pelos próximos dois anos.

- Sério? Tudo isso para comer uma puta? – disparei confusa – A três quadras daqui eles poderiam conseguir a mesma façanha por muito menos – tentei brincar.

- A questão não é comer uma puta qualquer Bella, Harvard está cheio delas, e algumas não cobrariam nada para se deitar com os herdeiros daqui – revirou os olhos – A diferença está em comer uma puta que provavelmente é amante de alguma mega bilionário, dono de uma rede de televisão, ou usina de petróleo. Estes caras se vangloriam disso. É como um troféu para eles, ver algum ricaço na revista pousando com uma loira peituda ao lado, que eles já tiveram comido. – explicou.

- Isso é ridículo! – apontei – Não posso acreditar que esse tipo de coisa existe!

- Pois aceite isso! É mais comum do que você possa imaginar, essa festa é uma lenda, e eu não estaria aqui te contando isso, se eu mesma não tivesse presenciado o que acontece. – completou chamando á atenção do garçom, em mais um pedido.

- Você participou dessa festa? –  perguntei atônita – Não me diga.. não me diga..que você....

- NÃO! – gritou – Por Deus! Não!  Posso não ser santa, ter feito muitas bobagens, mas nunca me vendi por dinheiro Bella.  – respondeu sem graça.

- OMG! Desculpe-me Rose... Eu não queria insinuar isso, mas é que você disse que participou dessa festa.. e..

- Eu participei na forma de trabalho Bella. Na época em que James era presidente das fraternidades, eu era bookmaker, e como regra eu tinha que participar de todos os eventos que possui jogos – deu de ombros – Eu vi e ouvi muita coisa Bells, como por exemplo, é o presidente que tem que fazer a abertura da festa essa noite!

-Isso quer dizer que Tanya vai estar lá? – perguntei sem realmente me atentar ao que ela tentava me dizer de imediato.

- Sim, Tanya, Lauren, e todos aqueles que hoje fazem parte da nova gestão. – disse encarando meus olhos, e pegando minha mão – Bella você entende o que estou tentando te falar? – perguntou fazendo-me atentar de imediato em suas palavras, e ao que estava querendo me dizer o tempo todo.

Ela não estava tentando bancar a engraçada, nem muito menos fazer alguma fofoca irracional sobre uma fraternidade de vadias que eram usadas por reitores da faculdade. Não era nada disso. O tempo todo Rosalie estava tentando me alertar sobre Edward.

- O que você quer dizer com o “presidente que tem que fazer a abertura da noite” ? – perguntei, engolindo seco.

- Bells...

- Edward vai ter que comer alguma puta? Fazer algum tipo de inicialização? Porque é disso que estamos falando aqui certo? De Edward?

- Bella.. eu não posso afirmar nada! Eu nem mesmo sei, se ele está nessa festa! Tudo o que sei, é o que acontecia quando eu estava lá. E quando você me disse que Edward estava na biblioteca até mais tarde fazendo um trabalho – suspirou – Tudo o que eu podia pensar...

- É que o maldito estaria mentindo para mim! – completei, deixando-a surpresa – E você está com toda a razão Rose! Se existe uma coisa que Edward ama é poder! Ele nunca iria demonstrar fraqueza em não ir a essa festa por minha causa. Mas se ele pensa que vai me fazer de idiota, ele está completamente enganado. Aquele arrogante de merda, tem outra coisa vindo, se está pensando que sou daquelas mulheres que vai aceitar uma traição. – disparei nervosa, levantando-me rápido, agradecendo como nunca o fato de não ter colocado uma gota de álcool na boca.

Eu iria acabar com Edward Cullen. E precisava estar muito sóbria enquanto fazia isso.

- Aonde você vai Bella? – perguntou Rose me acompanhando.

- Nós vamos á biblioteca! Vou dar ao cretino uma chance de estar me falando á verdade, e se ele não estiver lá, vamos á essa inauguração do caralho! – rosnei emputecida. Minhas mãos tremiam.

- Bella,  nós não vamos poder entrar sem convite! É repleto de seguranças no local! –  explicou, tentando acompanhar meus passos apressados em direção a saída.

- Está para nascer alguém que me impeça de fazer alguma coisa Rosalie  - disparei, seguindo para o carro. O mesmo carro que o idiota de merda tinha me presenteado dias antes.

Minha vontade era de chutá-lo!

- Você falou igual ao Cullen agora! – tentou brincar, mas parando assim que observou minha expressão.

- Você mesma não disse que somos muitos parecidos? Pois bem, reze para ele estar na biblioteca, porque posso garantir que com ódio, eu sou mais assustadora que Edward Cullen. – completei dando a partida, assim que ela travava seu cinto de segurança. E por todo o caminho, eu implorava ao meu coração que ele não tivesse mentido para mim.

Eu tinha medo de não suportar á decepção..
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Edward-POV


A culpa me corroía. Eu não tinha ideia de quantas vezes eu já tinha me feito a mesma pergunta.

O que diabos eu estava fazendo aqui?

Eu olhava ao redor, como fazia na última hora e nada vinha a minha mente. Eu só conseguia me atentar para o fato de que nada, nem as lindas mulheres semi-nuas, a bebida farta, as drogas disponíveis, o sexo fácil,  faziam com que eu esquecesse da minha menina, e me culpasse por enganá-la.  Não sabia quais mais desculpas usar, para evitar pegar uma das muitas putas que já tinham se insinuado, ou sentado no meu colo, e levar para o quarto, iniciando á noite.

- Porra Edward! Você ainda vai demorar muito para pegar alguma gostosa dessas? – perguntou James, sentado ao meu lado.

- Não enche porra! Já disse que vou esperar um pouco! – rosnei irritado.

- Porque isso? Está esperando o que? Olha só aquela loira que sentou agora pouco aqui no seu colo! Cansou de te esperar cara! – gargalhou apontando para a vadia que estava se esfregando no colo do reitor Caius.

- E eu tenho cara de quem vai comer qualquer vadia? Eu sei que só tem puta por aqui, mas não vou escolher qualquer uma! – tentei justificar.

- OHHH  Esse é o cara! – gargalhou, pegando uma bebida da garçonete e apertando sua bunda – Já que vai se esbaldar, quer foder com classe! Só não demora muito pra começar, porque cara... estou louco pra comer aquela ruivinha e Emmett está subindo pelas paredes com a morena – apontou, em sua direção, fazendo com que eu seguisse seu olhar e desse de cara com Emmett se esfregando em uma morena, que de longe me lembrava minha gata selvagem, fazendo com que a culpa me dominasse mais uma vez.

- Foda-se! – exclamei nervoso, passando as mãos pelo cabelo.

- O que foi cara? – perguntou James curioso.

- Nada! Preciso ir ao banheiro – desculpei me levantando.

- Quando voltar, vai iniciar a noite? – perguntou de olhos cerrados.

Será que o filho da puta estava percebendo minha hesitação? Eu não podia fraquejar.

- Mande todas ficarem em fila! Quando voltar, vou escolher uma – ordenei sério, com o coração palpitando, sem esperar por sua resposta. Mas escutando os gritos de louvor quando fazia o anúncio no microfone.

Eu nunca havia me sentido tão nervoso, irritado e amedrontado. Eu encarava minha figura no espelho, e não reconhecia ali, o cara que eu tentava demonstrar. Os olhos verdes que me encaravam de volta, nada tinham de poderosos, eles estavam tristes e nublados. A sensação que eu tinha, era que meu coração estava tentando falar comigo através deles.

- Não posso fazer isso! – falei comigo mesmo, baixando o rosto – Não posso fazer isso com a minha menina porra!

- Edward? – chamou a voz feminina, tirando-me dos meus devaneios.

- O que você quer aqui porra! – rosnei, vendo a figura de Tanya, cabisbaixa na porta.

- Eles.. estão chamando... – disse baixo.

- Eles que me esperem porra! Eu mando nessa merda! Se me irritarem muito eu acabo com essa festa do caralho! – respondi enfurecido.

- Você sabe que não pode fazer isso! E eu sei porque você está relutante em começar á noite! Eu quero te ajudar! – disparou corajosamente.

- Você. Não. Sabe. Nada da minha vida! SOME DAQUI! – rosnei, avançando em sua direção.

- Você está com receio por causa de Bella – continuou, como se eu não tivesse falado.

- NÃO FALE O NOME DELA PORRA! – gritei, sentindo ainda mais o coração apertado.

- Edward eu posso te ajudar. Falei com Rosalie á pouco tempo, ela e Bella iriam sair juntas, você acha realmente que a Hale não vai contar para Isabella dessa festa? – disparou me deixando atônito.

-Do que está falando? Minha menina está casa! – avancei apertando seu pulso – O que mais você sabe porra?

- Rose chamou Bella para irem ao Paddy´s para se encontrarem antes de sua viagem amanhã para LA, eu estava na fraternidade quando elas estavam combinando por telefone. – explicou, fazendo-me dar um passo para trás.

- Foda-se! Foda-se! – gemi, passando as mãos pelo cabelo. Minha menina tinha saído para um bar sozinha. Um maldito bar filho da puta que tinham vários homens caçando. – Foda-se! Chame Jacob! – ordenei. Minha menina estava sozinha, e não tinha uma maldita proteção, já que Jake também estava na festa. – CHAME-O PORRA! – gritei, puxando meu celular que estava desligado, observando-a ainda parada na porta.

- Chamar Jacob, não vai adiantar. Se ela já sabe que você mentiu, ele não pode fazer nada. Você tem que sair daqui e se encontrar com ela, antes que fiquei pior – comentou chamando minha atenção.

- Você sabe que não posso sair daqui! – rosnei encarando-a.

- Ninguém precisa saber que você vai embora Edward. Eu vou te ajudar. Você só tem que fingir que está indo para o quarto comigo, e depois pode ir – ofereceu fazendo-me cerrar os olhos.

- Deixe-me eu ver se entendi! Você quer que eu finja que estou indo transar com você, e assim que chegarmos no quarto posso ir embora que você vai me encobrir? – perguntei cruzando os braços no peito.

-Você tem ideia melhor? E isso ou transar com uma puta qualquer e perder Bella. Ou ir embora e perder sua reputação.

- Porque está fazendo isso? Você não passa de uma vadia dissimulada Tanya. Ou pensa que minha memória é tão fodia ao ponto de esquecer o que você fez conosco á um tempo atrás. – retruquei.

- Eu errei e já paguei por isso Edward. Eu comecei a conhecer Isabella mais profundamente, e me tornei afeiçoada á ela. Eu não tenho a mínima intenção de separar você dela. – respondeu baixo – Hoje eu sei que nunca tive uma chance com você.

- Sim, nunca. Ela é a única mulher no mundo pra mim, espero que isso tenha ficado bem claro na sua mente deturpada! Eu a amo.

- Mas está disposto a perder isso por causa de uma tradição idiota! Vamos lá Edward! Não deixe isso acontecer, vamos? – pediu, estendendo sua mão em minha direção. – Me leve para o quarto e acabe logo com isso.

Eu encarava sua mão á minha frente, estendia oferecendo-me uma saída, para toda a situação. E esperava sinceramente que estivesse fazendo a coisa certa.

“O amigo é-me querido, o inimigo é-me necessário. O amigo mostra-me o que posso fazer, o inimigo, o que tenho de fazer.”